quinta-feira, 6 de março de 2014

1063 - Bolsa Navy


Navy é estilo que sempre se associa à Primavera, ao primeiro sol e céu azul, aos dias que começam a crescer ainda que fresquinhos.
São os blazers em azul escuro, com muito botões dourados, as mil possibilidades de calças, os toques amarelos, e as malas a combinar.
No blog da Helena , inspirei-me!
Inspiro-me sempre!
E com ela entrei neste incrível mundo do trapilho.
Nunca lhe agradecerei o suficiente!
Nunca serei capaz de exprimir a minha imensa gratidão!

Também com ela, no seu trabalho impecável, me inspirei para realizar esta bolsa.
Acreditem, as fotos não lhe fazem justiça.
Está absolutamente linda!


Em azul escuro e branco, no ponto perfeitamente explicado pela Helena ,,,

...rematado com dourados ...

... e mais dourados, imensos dourados, que pesquei no mar chinês.

O interior acabou por ser o mais complicado.

Escolhi um tecido acetinado, com estampado discreto ...

... e, cheguei à ousadia de lhe colocar um bolso.

A operação final foi executada à mão, prendendo o forro à malha, ponto por ponto, trabalho lento e demorado.

Depois, coloquei os apêndices dourados ...

... tantos quantos a minha imaginação sugeriu ...

... e voltei a fotografar ...

... de um ângulo ...

...e de outro ...
... em estado de puro deslumbramento.
Será a cereja no topo do bolo para uns quantos conjuntos que esperam o sol para saírem à rua.
E poderei repetir o modelo, mudando dimensões, cores e o que mais me ocorrer.
Para ficar mesmo, mesmo perfeita, exige  necessaire do mesmo tecido do forro.
Já respirei fundo! Já enchi o peito de ar e agora é só arregaçar as mangas e por mãos à obra.
Que a coisa promete e o conjunto merece!

Beijo
Nina

quarta-feira, 5 de março de 2014

1062 - Como eu gosto de mudar de ideias!



Diz-se que a unanimidade é burra e que só a estupidez não muda de ideias.
Diz-se muita coisa a este respeito, que sim,que não, que às vezes, que talvez ...
Pois a minha pessoa assume, nas calmas, que muda de ideias sempre que necessário.
Enfim, convem ressalvar uns quantos princípios que são imutáveis, mas não era desses que falava, era de coisas miúdas, triviais, irrelevantes.
Concretamente, falava do comércio chinês. Aquele que um dia condenei às profundezas do inferno, à lixeira municipal, ao engodo imperdoável. Não sei se se lembram, mas eu sei do que falo.
Pois a minha pessoa dá a mão à palmatória e retira o que disse e vai ao chinês dia sim, dia sim.
Estou assim a modos que viciada, que dependente, criatura de convicções fraquinhas que, aos poucos se converteu às virtudes orientais.
É que têm tudo!
Pensem na mais estranha compra!
 Pensem! 
Têm!
E depois, espertos que só eles, arranjam lojas desafogadas, longe da loucura do centro, com espaço para estacionar à porta e tudo!
Se não fosse por outro motivo, este seria já muito forte.

Mas há outros motivos!
Há!
Encontro lá  resposta às minhas buscas mais delirantes:

Oh!
Dourados que vou aplicar numa obra secreta que trago entre mãos, de todos os formatos, a preços mínimos que me deixam louca de vontade de trazer todos.
E fios estranhos, diferentes, que nem sei bem para que servem, mas que para algum fim terão utilidade.
Que não tem qualidade e que é indecente, que não pagam impostos, que fazem concorrência desleal!
Ok! Mas é lá que encontro o que noutros sítios não acho, a qualquer hora, a qualquer dia, que este povo leva muito a sério o que faz e dá o litro sem hesitação.
A mim," incrível artesã", o comércio chinês tem-me sido de enorme utilidade.
Por isso mudei de ideias!

Beijo
Nina

terça-feira, 4 de março de 2014

1061 - Bolas


Bolas, para pessoas estarolas  e pintas para pessoas distintas!
Assim rezavam as normas da elegância.
Acho que "às bolas" só se vestiam as sevilhanas, com longos vestidos de folhos, castanholas entaladas entre os dedos, prontas para, de tacão em riste e braços em posições improváveis, dançarem o flamengo.

Porém, as coisas parecem ter mudado e "as bolas" ganharam estatuto, resgatadas por designers inquestionáveis, daqueles que, se determinarem que o chique consiste num gato  preso à cinta ... pobres dos gatos.

Quanto a mim, situo-me naquele lugar intermédio que rejeita a enormidade das bolas, mas arrisca em bolinhas, em pintas crescidas que não sendo ainda bolas já não são pintas.
Diria que são pintolas! Pronto!
Gosto de pintolas.


Nesta fria, chuvosa, triste, tristonha tarde de carnaval,  vesti pintolas!
Uma blusa de seda que de tão fininha exige casaco...

... um fundo azul  com Pintas/bolas amarelas para animar o dia. às pintas e bolas sempre recorreram Arlequins e Columbinas, Palhaço Rico e Palhaço Pobre.
Adequado, pois, para a época.
À volta do decote uma pedraria reluzente, combinando com folia e fantasia que por cá escasseia.
Veio da Zara. Barata. Modernaça.
Com jeans e sabrinas, sob agasalho protetor que o tempo, repito, não está para desfiles.
E assim vejo o Carnaval passar, com traje alegórico e muita vontade de sol, de Primavera, de ar livre!
Aí, sim, brilharão as minhas Pintolas!

Beijo
Nina 

segunda-feira, 3 de março de 2014

1060 - Ai que prazer


    ... não cumprir um dever!
Só agora, muitas crises de culpa vencidas, consigo deixar que esta delinquência me encha de leveza!
Não cumprir e daí retirar recompensa!
Só agora, tola que eu fui!
Mas agora sim! Dou-me ao prazer do incumprimento.
Livro chato é livro arrumado ao fim de 10, 20 páginas!
Gente chata, é gente evitada a qualquer custo!
Normas e regras , se chatas, são regras e normas transgredidas!
Um alívio tal, que só vivido para entender!

Então, há milénios atrás, interiorizei - obrigada mamã, obrigada freiras do meu primeiro colégio - nada de iniciar um trabalho, um projeto, uma tarefa, sem concluir a anterior.
Normas, normas, normas!

Ao invés do prazer esperado, enchia-me de nervoso, uma ansiedade galopante de por ponto final ao infindável, interminável, peçonhento lavor entre mãos. O que a princípio fora deleite rapidamente se transformava em punição de que só me livraria quando dado o último ponto, quando lida a última página, quando trocado o último beijo de despedida.

De repente, não sei quando, não sei como, libertei-me.
Assim! Num estalar de dedos.
Começo sem terminar, abandono o livro a meio, despeço  gente chata!
Um alívio!
Uma libertação!
E, o mais importante, sem resquício de culpa!
Sou feliz no meu incumprimento, como Pessoa!-- Perdão, mil vezes perdão pela ousadia da comparação! 

A camisola/blusa verde água avança!
Mas avança ao meu ritmo, ao sabor do meu apetite que não se trata de "tirar o pai da forca"!
Estará concluída quando estiver e brilhar quando tiver que brilhar, nunca antes, nunca à custa dos meus apetites.

Há muito que queria iniciar a experiência do tricô top/ down!
Nada melhor do que me encontrar a meio de uma manga da camisola/blusa verde água, para o fazer.
Eu acho e aprovo!
Agarrei-me eufórica, pujante de entusiasmo ao projeto, tão desafiante, tão novo, tão giro ...

...até que me ocorreu a irresistível tentação de um casaquinho para um recém nascido!
Por quê?
Por nada! Porque me lembrei, porque me apeteceu... razões mais que válidas, razões irrefutáveis!
É experimentar!
A princípio estranha-se, mas depois, entranha-se!
É uma maluquice super gratificante, deliciosíssima.
Viciante!
Bem basta termos de obedecer a milhões de regas para as quais não somos ouvidos nem achados.
Já Pessoa dizia ...

         LIBERDADE
    (Interpretado na voz de João Villaret)Ai que prazer
    não cumprir um dever.
    Ter um livro para ler
    e não o fazer!
    Ler é maçada,
    estudar é nada.
    O sol doira sem literatura.
    O rio corre bem ou mal,
    sem edição original.
    E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
    como tem tempo, não tem pressa...
    Livros são papéis pintados com tinta.
    Estudar é uma coisa em que está indistinta
    A distinção entre nada e coisa nenhuma.
    Quanto melhor é quando há bruma.
    Esperar por D. Sebastião,
    Quer venha ou não!
    Grande é a poesia, a bondade e as danças...
    Mas o melhor do mundo são as crianças,
    Flores, música, o luar, e o sol que peca
    Só quando, em vez de criar, seca.
    E mais do que isto
    É Jesus Cristo,
    Que não sabia nada de finanças,
    Nem consta que tivesse biblioteca...
          Fernando Pessoa



Hospedagem de site 
E se Pessoa dizia, quem sou eu para o contradizer?

Beijo
Nina

domingo, 2 de março de 2014

1059- O trapilho ...


O trapilho é um material de recursos infindos que não para de me surpreender. Quando menos se espera, surge uma oportunidade de o aplicar com resultados excelentes na decoração, já que é de decoração que falo, sabendo, embora, que noutros campos, como a moda, é igualmente inestimável.

Como, algures referi, tenho a sorte de possuir um espaço amplo, envidraçado, com excelente exposição solar, onde, sem esforço nem ciência, consigo criar um mundo vegetal muito agradável. 
Decidi pintar paredes e teto num verde chá, que de facto, se aproxima do pistachio.
É uma cor forte, que não passa despercebida e, por isso mesmo, exige moderação nas conjugações, sob o risco de se transformar em espaço carnavalesco, já que estamos em tempo dele.
Daí que, para além das múltiplas plantas, faço questão que a paleta de cores se reduza ao branco e ao tal verde de forte personalidade.
Sobre o pavimento de tijoleira, alguns tapetes num rosa que se confunde com a superfície de fundo e que, apenas por questões económicas - tinha os tapetes e não tinha onde os colocar - aí são usados. Em tempo oportuno, porém, serão substituídos.

A vista de conjunto é agradável, mas ... há sempre detalhes a mudar, melhorias a levar a cabo.
Essa é a natureza de uma casa, realidade nunca concluída, nunca pronta, a não ser que se recorra a um profissional e que decidamos mantê-la intocável.
Esta é uma opção tão louvável como qualquer outra, só que a mim não se aplica.
Tenho, inevitavelmente, que meter as mãos na massa, ainda que o resultado final se encontre distante da perfeição.

Toda esta introdução para chegar ao trapilho e às suas imensas possibilidades.
Sobre esta mesa , entre outros pormenores, repousava um cilindro de vidro resguardando um vaso de terracota.
Deu-me para embirrar com a vista.
Vaso feioso, com ar sujinho.
Nã!!!!!! Não gosto!

Tratei de o forrar.
Comecei com um fio de lã grossito e ele eram voltas e mais voltas e ainda mais voltas e, o revestimento que era bom, nada de surgir.

Para grandes males ... grandes remédios.
Com trapilho branco e verde vesti o trambolho!

Reorganizei a mesa ...

... retirei, acrescentei, troquei detalhes ...

... e ...

... até a um próximo ataque de fúria revolucionária, ficará assim. A meu ver, muito mais harmonioso, muito mais local de paz e contemplação como pretendo que seja.
A toalha que recobre a mesa redonda, e toca o chão, foi a minha primeira aventura no mundo das costuras, já lá vão 3 anos.
Qualquer dia substituo-a por branco ou verde, dentro da lógica que guia as minhas escolhas. E chegará a vez das almofadas que, por acaso, são verdes, mas que, se bem me conheço, ganharão outra cara, quando já não puder mesmo suportar a sua aparência. Uma questão de tempo,
Ainda bem que só às coisas aplico esta fúria demolidora ...( se fosse ao marido às pessoas...)

Beijo
Nina

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

1058 - Casca de laranja com chocolate


Laranja e chocolate, queijo e goiabada, arroz com feijão, bacalhau cozido com batatas e couves, sardinhas assadas com pimentos, são , apenas alguns exemplos de casamentos perfeitos.

Chocolate com laranja, será, possivelmente, o mais que perfeito, idealizado nos céus.

Já por aqui falei de bolo de chocolate com laranja, de crepes recheados com compota de laranja regados com chocolate quente, delícias que, numa lógica  pavloviana, enlouquecem as glândulas salivares.

De cascas de laranja revestidas com chocolate é que, parece-me, nunca falara.
Ontem, recebendo um carregamento de deliciosas laranjas , rapidamente consumidas em sumos, lembrei-me de lhes dar uso às cascas.
Assim:
Descascando-as com uma faca bem afiada, de modo a que a parte branca não seja retirada, reduzi a tiras as ditas cascas.


Fervi-as, então, com água suficiente para as imergir, durante cerca de uma hora, com 3 colheres de sopa de açúcar.
A quantidade depende do número de laranjas descascadas e, consequentemente, da água que as cobrirá e que deve ficar bem doce

Entretanto, pesquisei a reserva de chocolate:
Uma tablete quase intacta de chocolate de leite ...

... e uma de chocolate amargo, o meu preferido.
 No micro ondas derreti-os separadamente e ...

... quando cozida a laranja, escorri-a num passador de rede e deixei arrefecer.
 Passei, então à parte mais divertida da operação - o banho da laranja!
Um a um, mergulhei cada palito em chocolate, parte no de leite, parte no amargo, que ele há gostos para tudo.
Coloquei cada um deles numa folha de papel vegetal para que secasse e e deixasse que os chocolates solidificassem.
Atingido esse ponto, e para lhes conferir maior crocância, remeti-os para o frio, que, devo confessar, não deixei que atuasse, rendida à pressão insuportável da gula. Comi vários. Comi muitos. Comi imensos.

A imagem dispensa legenda.

Quando à noite, antes de dormir, apetece uma coisinha qualquer, que não encha, que não seja pesada, mas que induza sonhos de glória e gloriosos, é trincar um palitinho, ou dois, e deixar que se derretam , se dissolvam no palato, dominando o ímpeto irresistível de instantaneamente os deglutir.
Dizem que o chocolate tem destas coisas!
O chocolate com laranja tem ainda mais!

Beijo
Nina

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

1057 - Nem azul nem verde ...


Fica ali a a pairar, indeciso, entre as duas cores.
 Em tom pastel, note-se, que a Primavera, tarde ou cedo,  acabará por chegar sendo estação que brilha e rebrilha  com tais nuances.


Encantei-me com esta echarpe, na tal mistura de cores que rejeita rótulo.
O tecido, uma nuvem, envolvendo o pescoço com cuidados de namorado.
Delicioso!

Depois, sem prever, sem maquinar, dei de frente com este colar!
Ai!!!!!!!
Coisa mais irresistível!
Chamei-lhe meu, muito meu!

Combinando com estes jeans clarinhos, desbotados, pontilhados de estrelinhas.
Ai!!!!!!
Vieram comigo!
 E a blusa? Qu'é da blusa?
Não encontrei. Procurei e voltei a procurar! nada! Não era bem aquilo que eu queria... ou muito claro, ou demasiado escuro. Desisti! Por momentos, apenas por momento, que a imaginação feminina é cavalo à solta com freio nos dentes. Um perigo, sabemos!
De echarpe a reboque ataquei a loja das lãs!
Que não, que naquela tonalidade, não havia, que só se fosse mais escura, ou mais clara, ou ... EUREKA!
Um fiozinho de algodão, bem fininho, bem chatinho de tricotar, bem déspota das minhas noites, saltou-me aos olhos, assaltou-me o querer, impôs-se à vontade!
Desde que acertasse na cor, aceitaria a escravatura!
Porém - e de novo da mente feminina, a tal que não conhece limites - a dona da loja ( porque era da sua mente que falava e não da minha!), descobriu a pólvora, que, perigosamente, diria, estava ali mesmo debaixo dos nossos narizes:
- Tricote com o fio dobrado usando agulha nº 6!


Que, informo a quem não sabe, existe uma divindade protetora das tricoteiras
E foram felizes para sempre, como nas histórias de encantar!
A minha camisola/blusa avança à velocidade do som - que da luz seria exagero - e eu estou muito feliz com esta história de fadas e vestidos de fadas e mãos de fadas e ideias de fadas!
Não tarda saio para o baile vestida a rigor, que príncipe, colar e echarpe já tenho.
 A camisola/blusa vem a caminho.

Beijo
Nina